Como dev sempre tenho um cliente com um projeto, seja ambicioso ou tedioso, manutenção do dia-a-dia ou criação do próximo uber misturado com tinder. Eventualmente não tenho clientes, mas estou ocupado com projetos pessoais, tenho uma vida fora do computador.
Mas, após um mês, organizei minha vida pessoal, organizei minha finanças, organizei meu calendário, estou até consertando eletrônicos quebrados a muito tempo. E agora, que fazer com as 24h do dia?
Nunca um dia pareceu tão longo, especialmente quando aproveito este hiato para ser mega produtivo, parar de beber e focar toda a energia em organizar. Até mesmo o sótão da casa da minha mãe, cheio de caixas misteriosas, foi tudo catálogado, inventariado, não existe nem mais esse mistério na minha vida, o que foi mesmo que guardei no sótão 5 ou 10 anos atrás? O único lugar do mundo onde as coisas não desaparecem.
Como praticante de esportes também me pegava pensando, se tiver a oportunidade vou me dedicar aos esportes, mas com 24h por dia não é possível ocupar a cabeça o tempo todo. Não vou me tornar um atleta profissional aos 34 anos e nem mesmo vou ficar tão desocupado por tanto tempo, já tenho novos projetos chegando, é uma questão de tempo.
Então estou sofrendo uma síndrome do que fazer, terapia ocupacional. Tomar uma cerveja no bar, conversando com amigos, estranhos, estranho amigos e amigos estranhos ocupa a cabeça por horas a fio e quando retorno para casa não tenho capacidade cognitiva para fazer nada além do que um animal na selva, no máximo ligar a TV.
Mas com a capacidade mental a 100% me sinto uma draga de ouro num leito de problemas onde parece que chegou ao fim da mina. Tenho muita coisa para fazer de fato, projetos como editar vídeos, publicar fotos, até mesmo publicar e redigir este texto na data de hoje. Mas são da 9 da manhã, estou tomando um café tranquilamente e o dia vai ser suficiente para fazer tudo que preciso.
Será que sou viciado em estar atrasado? Ou aquela sensação de se sentir importante porque uma empresa, projeto ou equipe precisa da sua colaboração? O mundo existir e as pessoas seguirem sua vida enquanto eu me sinto um fantasma parece perturbadora.
Posso começar algo novo e muito maluco, sempre usei essa saída para ocupar meu tempo, mas sempre abri mais uma gaveta e enfiei muita bagunça lá dentro, nunca fiz de fato nada que tivesse terminado, então hoje prefiro não começar nada que não for terminar.
Um transtorno psicológico diário ter que lidar com uma mente criativa, ela precisa de saída, precisa de vazão e estes pequenos textos são um alívio na tensão de não ser “ninguém resolvendo problemas”. Um agente secreto esperando, qual será minha próxima missão?
