Vamos Longe em 2023, entrando no túnel do tempo

Vamos Longe surgiu quando estava em Curitiba, em 2020, na oficina mecânica recebi uma dica para tentar fazer dinheiro durante a viagem, vender canetas com meu nome escrito. Logo ao retornar para minha guest house, à noite, comecei a pensar em um nome original e criar o projeto, que hoje chama Vamos Longe.

Imaginei que no máximo em três meses teria um conteúdo de sucesso, meu canal seria uma explosão de sucesso e fanáticos acomapanhariam a minha aventura sobre duas rodas, durante a pandemia, viajando de São Paulo até o Uruguai. Também imprimi alguns adesivos (ocupa menos espaço que caneta), com a ideia de vender cada um por r$ 5, se tornando uma fonte de renda complementar e fácil de transportar numa mochila.

Nada disso deu muito certo financeiramente, após alguns meses o barquinho afundou, cheguei até a comprar uma pequena churrasqueira para vender espetinho durante a viagem, o que se mostrou impossível em cima de uma moto. De uma certa forma essa viagem acabou com todos os meus recursos financeiros (que juntei por meses), mas foi uma aventura sem valor de mercado, a maior proeza, conquista e alegria de toda a minha vida.

Mas não desisti do meu canal em 2023, na minha autocrítica tenho certeza que o conteúdo precisava de muitos refinamentos e até mesmo investimentos financeiros planejados. Fiz o que eu consegui durante esse trajeto de quase três anos, capturei imagens e subi para nuvem toneladas de arquivos que agora serão tratados.

Talvez o que esteja vivendo seja um hiato, uma fase de replanejamento ou talvez eu nunca volte a viajar com Vamos Longe. O que eu tenho agora são esses arquivos que levaram oito meses para ficar organizados, e que em 2023 serão todos republicados.

Confesso que minha pretensão foi muito audaciosa no começo, criar conteúdo diário, em tempo real durante a viagem. Grandes canais de aventura tem uma base fixa, uma ilha de edição longe da estrada, recebendo conteúdo e produzindo, outros canais fazem trechos e publicam conteúdo após meses ou até anos de atraso.

Vou testar alguns formatos de vídeo, publicar de uma forma mais coerente e programática, conteúdo focado mais na viagem e turismo do que em minha vida pessoal. Além disso, destinar um pequeno recurso para a promoção desse conteúdo em redes sociais e após alguma movimentação buscar patrocinadores para sequências de vídeos

Lançar também a loja virtual de produtos Vamos Longe, pois durante viagem muitas pessoas tentaram apoiar pela internet comprando adesivos e outros itens, mas durante a compra me perdia em meio as mensagens e não conseguia fazer uma logística para garantir as entregas. Com a loja virtual todo o processo vai ser refinado, as compras serão automatizadas e as entregas facilitadas.

Essa é vamos longe em 2023, uma grande virada de qualidade e transformação baseada em marketing digital.

Vida Minimalista em Duas Rodas

Você já se imaginou viver sem ter uma casa? Quando eu digo casa, estou dizendo um lugar para voltar à noite e descansar, que vai de uma cama num quarto apertado até um apartamento ou casa completo, com todos os cômodos. Um lugar para voltar a noite.

O simples fato de ter um lugar fixo, já transforma a nossa relação com o mundo, já que somos seres acumuladores por natureza. O indivíduo que só tem uma cama, consegue colocar na guarda um terço, um livro embaixo do travesseiro, um punhado de roupa no pé da cama e uma toalha na lateral. No caso de ter um apartamento ou casa, a quantidade de imóveis e itens é infinita, se tiver espaço vai ter alguma coisa em cima, e alguma coisa em cima da coisa, dentro da coisa outras coisas.

Viver por por oito meses sem um lugar fixo, somente uma moto e uma mochila, viajando para lugares desconhecidos me fez me desprender (um pouquinho) do apego que eu tinha pela maioria dos itens pessoais do qual eu entre “possuía” (ou possuo). Aquela velha frase questionativa, não deixe os itens que você possui, possuir você.

Foi muito difícil não colocar uma grade em cima do baú para poder adquirir alguns itens durante a viagem, viver somente com uma mochila é impossível. Precisei de uma bota mais segura, uma calça com proteção pro joelho, um casaco mais confortável, luvas para o frio, acessórios para moto, na Serra gaúcha extremamente importante ter a segunda pele, uma roupa que esquenta.

Porém todos esses itens são quase indispensáveis, passar por tantos lugares e não comprar sequer uma lembrancinha foi muito difícil. Acabei comprando coisas mínimas como um chaveiro no aquário de Balneário Camboriú, uma fotografia no bondinho no Rio de Janeiro, um colar uma pedra do sol em Bombinhas, uma cuia e uma bomba em Porto Alegre, camisetas dos lugares onde passei, entre outros pequenos itens.

Tudo isso exigia uma manutenção incrível “do que” caberia na mochila, assim, deveria sempre me livrar de um item com uma camiseta velha quando comprasse uma nova. Quando começou a parte quente do trajeto, do Paraná para cima, empacotar os itens de frio e despachar pelos Correios e conseguir novo e precioso espaço livre.

Tinha somente o essencial dentro da minha mochila e isso me fez uma pessoa diferente após essa experiência. Não acho que tudo que temos é dispensável, mas acredito que os melhores presentes da vida são as pessoas e os lugares que Deus nos deu para conhecer. Ter uma televisão na casa pode ser bom, ter um relógio também, uma raquete de tênis um monitor, roupa social. Mas o sentido da vida não pode ser acumular.

A verdadeira mudança é sutil, é estar pronto para abrir mão disso tudo mas nunca deixar a sua essência ir junto. Tudo que o homem fez, projetou ou planejou tem uma utilidade limitada, o que nós precisamos mesmo é de água, alimento, abrigo, dar e receber ajuda para fazer uma sociedade melhor e colaborativa.

Tudo que você tem foi Deus que te deu, esteja pronto para que ele tire quando achar que deve, e se está esperando uma riqueza e for do gosto de Deus nada do que você tem hoje pode valer quando atingir essa fortuna. Você não tem uma casa, Deus te deu uma casa para cuidar. Abra espaço no seu guarda roupa, na sua gaveta, na sua casa e o deixe vazio.

Trinta raios convergem para o meio de uma roda,
Mas é o buraco em que vai entrar o eixo que a torna útil.
Molda-se o barro para fazer um vaso;
É o espaço dentro dele que o torna útil.
Fazem-se portas e janelas para um quarto;
São os buracos que o tornam útil.
Por isso, a vantagem do que está lá
Assenta exclusivamente
Na utilidade do que lá não está.

Livro Tao Te Ching, o Caminho